Senhor bispo Macedo,
A manhã de 16 de outubro marcou a minha vida.
Quando ouvi falar que o senhor viria pessoalmente ao nosso presídio para lançar seu livro "Nada a Perder", confesso que duvidei...
O bispo Macedo aqui neste lugar?
Um líder com a importância dele no meio de quem é mais rejeitado neste mundo?
Foi quando, por volta das 10 da manhã, vi o senhor atravessando os portões do pátio da cadeia.
Meu coração bateu mais forte!
Não exatamente por idolatrar a sua figura, mas por pensar o que isso significa para nós, que somos considerados o "lixo da sociedade".
Vivi 15 anos no mundo do crime. Pratiquei tantas barbaridades que tenho até vergonha de contar. Vergonha de mim mesmo.
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As histórias de abandono se multiplicam na cadeia. Muitos colegas foram rejeitados pela própria mulher, pelos filhos, pelo pai e pela mãe.
Grande parte não recebe sequer uma visita. Ninguém. É possível imaginar o tamanho dessa dor?
Mas o senhor, mesmo sem nos conhecer, veio nos visitar para lançar seu livro de memórias. Não tenho palavras para expressar meu agradecimento.
Agora, o que vamos fazer é espalhar os livros por cada canto do presídio.
Já estou com minhas "armas da fé" em punho: dezenas de exemplares da biografia doados pelos voluntários da Igreja.
A sua imagem, orando de mãos dadas com todos nós, nunca vai sair da minha cabeça.
Uma frase dita pelo senhor ficou marcada: "Se ninguém lá fora quer vocês, nós da Igreja Universal queremos!"
Quero dar a volta por cima. Quero recomeçar.
Dirceu Aparecido de Oliveira, 33 anos, condenado a 24 anos de prisão, Centro de Detenção de Pinheiros (São Paulo)
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